Monday, April 30

Eleições na Madeira


Questão pouco abordada no preciso momento em que estamos é a das eleições na Madeira. A Madeira muitas vezes é esquecida pelo continente por ser uma zona pequena e distante do país, mas também pelo ridículo da situação que lá se vive. De facto, o poder é há trinta anos controlado por João Jardim, homem de grande sapiência e distinção, devido à ignorância de um povo ainda analfabeto e com ânsia de cultos por chefes com um status igual. Por outro lado, a oposição, pouco eficiente é, com guerrilhas internas, falta de retórica para um povo iletrado e um Buda no poder. Jardim é o alvo da adoração dos madeirenses e o mais temido dos homens pelo PSD. Raras vezes são ouvidas as críticas a este Rex. Mais grave é o desrespeito levado por ele a cabo à autoridade do Presidente da República, fazendo inúmeras inaugurações em época de eleições (o que é proíbido por lei, além de ser um atractivo para a ignóbil população votar nele). Quanto às razões para se efectuarem estas eleições: não vejo. Do ponto de vista do rei madeirense trata-se de uma medida de protesto contra a política do governo continental desfavorável à corrupção vivida na Madeira e uma afirmação do poder. Trata-se também de uma enorme despesa com a realização de umas eleições para as quais sabemos já os resultados antecipadamente. No fundo, é uma despesa. Uma despesa que para o povo madeirense nem se quer se ouve falar. Vejamos as coisas: criticam o governo de Lisboa por dar poucos fundos monetários para a Madeira e metem-se a gastar em eleições. Faz sentido. Resta-me perguntar apenas: que democracia é esta? Será que podemos chamar a esta bandalheira uma democracia? Continuemos assim, com líderes que mal falam português fluente, além de brejeiro!

Tu

lábios tenros,
dentição ebúrnea,
olhos amêndoas,
da cor do barro escuro,
queixos perfeitos,
nariz arredondado
-por onde te entra a vida -,
cabelos suaves, ondulados,
espero que...com estes versos,
te louvar consiga.

25 Abril 2007

Lua

Não é rara a ocasião na qual consigo retirar mais calor da ternura com que este astro me estende os raios e da energia com que me rodeia e me purifica a alma, se a tiver, que da maioria das pessoas, assim como de mim mesmo em certos dias passageiros.



Humanidade... quando morreste?


Angel dust

Blowing at the surface
a brise, a brise
of an angel, an angel's dust's
come to earth.

Reality's been superlativly twisted,
it's now a labirynth,
a maze made of mirror
crystal clear,
deciving as the other side of the wave.

Tectonic transactions commanding
a plan of action devised by thoose
whose face is yet to be drawn
in the circles the moon leaves behind.

Oh, ilusion, desilusion,
nobody knows, neither do I,
thought i'm not far from being,
don't be fooled I never was.

Where should I proceed from this point?
I guess i'm lost in infinity's lower level
so i might as well go all the way down

Angel dust, angel dust,
let me go,
let me drown.

Saturday, April 28

5ª tentativa

És...bonita,
tens...charme,
digo apenas que é pena
não poder eu
em condições achar-me
de te conhecer.

Acaso me visses,
em mim não repararias.
Poderia bracejar,
agoniar,
gritar!
e tu ainda assim não verias!

25 Abril 2007

Friday, April 27

O Corvo - Edgar Allan Poe

Talvez o mais reconhecido poema deste escritor, originalmente "The Raven" e traduzido aqui pelas mãos de Fernando Pessoa. Quem gostar, por favor procure investigaro poema na sua forma original, é bem mais desafiante e compensadora.






Numa meia-noite agreste,
quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
«Uma visita», eu me disse, «está batendo a meus umbrais.
É só isso e nada mais.»

Ah, que bem disso me lembro!
Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão) a amada, hoje entre hostes celestais —
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo,
«É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isso e nada mais».

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
«Senhor», eu disse, «ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais, Que mal ouvi...»
E abri largos, franquendo-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais —
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isto só e nada mais.
Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
«Por certo», disse eu, «aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.»
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
«É o vento, e nada mais.»

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais.
Foi, pousou, e nada mais.


E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
«Tens o aspecto tosquiado», disse eu, «mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.»
Disse-me o corvo, «Nunca mais».

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome «Nunca mais».

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, «Amigo, sonhos — mortais
Todos — todos lá se foram. Amanhã também te vais».
Disse o corvo, «Nunca mais».

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
«Por certo», disse eu, «são estas vozes usuais.
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este «Nunca mais».

Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele «Nunca mais».

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-me então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
«Maldito!», a mim disse, «deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

«Profeta», disse eu, «profeta — ou demónio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

«Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!, eu disse.
«Parte! Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra, que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais.

O papel do Senhor no nascimento da prestidigitação e ilusionismo



Como eu adoro humor inglês!!!

Thursday, April 26

Old Man - Musica de Neil Young




Neil Young, cantor canadiano que iniciou a carreira nos anos 60. Cantor que devemos ouvir com atenção, não apenas pela beleza das musicas, mas também pela mensagem. Posteriormente, farei uma pequena biografia.

Monty Python - The Mouse Problem


Para quem gostou do outro, e para compensar um pouquinho este tempito em que estive ausente, aqui fica um dos meus sketches preferidos.

Edgar Allan Poe


Edgar Allan Poe, um nome que pode nada significar para muitos de vós, é sem dúvida um dos grandes picos do extraordinário macabro literário. Poeta e escritor de contos sobre os mistérios da vida e do que pralém dela nos espera, de nacionalidade americana, foi o pioneiro dos romances policiais tal como os encaramos hoje em dia. Nascido em 1809, filho de um casal de actores e segundo filho de uma linhagem de três, teve uma vida cheia de dificuldades.
Poe falece em 1849, sob circunstâncias no mínimo fantásticas e que nunca vieram a ser totalmente esclarecidas, embora tenham sido sugeridas diversas causas como tentativa de suicídio, alcolémia, uso de drogas, ou mesmo cólera.
A obra de Edgar Allan Poe não é uma leitura adequada para qualquer pessoa, no entanto todo e qualquer leitor que tiver gosto em explorar histórias que abrangem as mais insanas profundezas do ser humano, o sobrenatural e a dureza dos sentimentos, num pano de fundo pintado de temas como a morte e a loucura, numa escrita que combina panoramas de imenso terror com visitas às cavernosas entranhas da psique humana, aconselho vivamente a aventura da descoberta do trabalho de um homem que influenciou artistas de gerações posteriores, das quais constam nomes tão famoso como Oscar Wilde e Sir Arthur Conan Doyle.

4ª tentativa

Jazigos flóridos,
no meio do feio betão,
com pontos negros mórbidos
vagueando como um pião,
sob raios solares tórridos,
fazendo turbilhão.

Caras enfadadas,
gestos gastos,
rugas rasgadas,
trabalhadores retardados,
ruas alagadas,
desperdicios fora jogados.

E, no meio da confusa multidão,
todo o sentimento se perde,
vive apenas a solidão,
o ar fede,
a escarra cai no escuro chão,
e por isso tenho sede!

24 Abril 2007

Wednesday, April 25

Zeca Afonso - Cantor inolvidável


Nascido a 2 de Agosto de 1929 em Aveiro, de nome José Cerqueira Afonso do Santos, filho dum magistrado e duma professora primária. Foi criado pelos tios em Aveiro até aos 3 anos, tendo ido viver depois para Angola, onde ganhou muitas das posteriores influências "naturais" e de estilo africano na sua música. Em 1937 vai para Moçambique, onde vive um ano com os pais e irmãos. No ano seguinte vai viver para Belmonte - onde concluiu a escola primária -, em casa de um tio ligado ao Estado-Novo, ficando a conhecer a realidade da ditadura de perto. Vai em 1940 para Coimbra, onde irá começar a cantar os primeiros fados. Em 1958 grava o seu primeiro disco "Baladas de Coimbra". Foi entre 1958 e 59 professor de História e Francês em Alcobaça. Em 1964 parte para Moçambique, onde foi professor de Liceu, onde se iniciou uma assumida campanha antifascista por ele levada a cabo. Vem depois dar aulas para Setúbal, onde é expulso pelas suas ideias revolucionárias e forçado a dar explicações. Publica nesta altura o seu primeiro álbum - "Baladas e Canções". É detido diversas vezes pela PIDE, por ter ligações ao PCP e à LUAR. De modo a não ser reconhecido nos jornais, é conhecido pelo anagrama Esoj Osnofa. Em 1971 é conhecida a sua música Grândola Vila Morena, futuro símbolo da revolução de 25 de abril. Após a revolução continua a cantar e a compor. Os últimos espetáculos ocorreram em 1983 devido a uma doença degenerativa - esclerose -que provocou a sua morte em 23 de Fevereiro de 1987.
Para terminar, aconselho apenas a ouvirem as principais músicas dele. Saíram há pouco tempo num álbum com as suas melhores músicas. Foi um grande homem, músico e compositor.

petit hommage ao 25 de Abril


Não vivi, por um lado infelizmente, por outro, felizmente, o 25 de Abril. Não tenho certamente os conhecimentos histórico-sociais da época para poder aprofundar o assunto, mas posso pelo menos agradecer a todos os que lutaram pela mudança de regime, trazendo a democracia. Não quero discutir regimes - qual o melhor ou pior -, quero apenas dizer que foi uma boa e louvável mudança. Caso possa, farei entrevistas a pessoas que viveram o Estado Novo, sentindo na pele a verdadeira realidade. Repito: é necessário manter a memória viva.


Tuesday, April 24

3ª tentativa

Aquele caminho lajeado
que me levava ao cume da serra,
era diferente dos outros:
por um muro cercado,
todo ele com hera,
de um verde puro,
levava-me a um local antes apenas imaginado,
talvez fosse imagem efémera,
mas era o que procuro.

Monday, April 23

Teia - 2ª tentativa

Braços longos,
Como teias de aranha,
Nus ao vento,
Como estalidos de dedos,
Num pôr de sol antes do amanhã,
Ecurecendo ao relento,
E ansiando pela vida
Naquela solidão, ermo,
Onde a seiva corre rápida,
Num impulso eterno, sem termo,
E ligados ao solo,
Onde criaturas esgravatam,
Sem fim,
Até encontrarem o fim,
Porque o fim é o final,
Mas não o termo.


















Foto na Quinta das Conchas

Sunday, April 22

Monty Python - O sketch do Campeonato Internacional de FIlosofia








Os grandes senhores da comédia britânica (e acreditem que há muitos!), foram também grandes pioneiros da non-sence comedy. Inspiraram gerações futuras de comediantes, como os nossos gatinhos, e, para quem gostar de uma boa dose de PARVOÍCE BRUTA, mas estranhamente construtiva (quase sempre), este meninos de terceira idade merecem sem dúvida uma prolongada vista de olhos (vão ao youtube, procurem o mouse problem, o dead parrot sketch, e o lumberjack song, mas basicamente tudo dos Monty vale a pena).

De Tarde - poema de Cesário Verde

Naquele «pic-nic» de burguesas,
houve uma cousa simplesmente bela,
e que, sem ter história nem grandezas,
em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
foste colher, sem imposturas tolas,
a um granzoal azul de grão-de-bico
um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
nós acampámos, inda o sol se via;
e houve talhadas de melão, damascos,
e pão-de-ló molhando em malvasia.

Mas, todo púrpuro a sair da renda
dos teu dois seios como duas rolas,
era o supremo encanto da merenda
o ramalhete rubro das papoulas.


Poema genial, na minha óptica, pela simples e fluída maneira como as palavras são ditas, numa harmonia única e de extrema beleza. Haverá certamente poemas mais conhecidos, mas por isso mesmo eu apresento este aqui. Agora que começo a conhecer Cesário, começo a apreciá-lo e a estimá-lo.

Saturday, April 21

Cesário Verde, poeta venerando


Filho do lavrador e comerciante José Anastácio Verde e Maria Piedade dos Santos Verde, José Joaquim Cesário Verde nasce na freguesia de Santa Maria Madalena - Lisboa - a 25 de Fevereiro de 1855 (dia da invocação de São Cesário). Tinha duas irmãs e dois irmãos. Frequentou o Curso Superior de Letras da Faculdade de Letras de Lisboa nos anos de 1873 e 74, mas abandonou-o. Começou nessa altura a colaborar no Diário de Notícias, Diário da Tarde, A tribuna e Renascença. Foi também nestes anos que Cesário esteve mais activo como poeta, apesar de muito dedicar o seu tempo à actividade comercial. Viu morrer em 1859 sua irmã Adelaide Eugénia, em 1872 a sua irmã mais velha Júlia e em 1882 seu irmão Joaquim Tomás. O único sobrevivente além de Cesário foi o irmão Jorge Verde. Morre a 19 de Julho de 1886 no lumiar, com tuberculose. Destacou-se pelos seus poemas realistas e impressionistas. Principais obras: «Num Bairro Moderno» (1877), «Em Petiz» (1878) e «O Sentimento dum Ocidental» (1880).

Água e a morte dos nossos filhos.

O que é a Água? Essencialmente, é um conjunto de moléculas ligadas convalentemente, cada uma constituída por três átomos de dois tipos diferentes, na proporção de dois para um (daí a recorrente fórmula H2O), assumindo geometria angular, com um par de dupletos ligantes e outro de dupletos não ligantes, e com diversas propriedades aliadas ao facto de ser constituída por um dipolo eléctrico que lhe permite ligar-se a outras com a mesma estrutura, por ligações hidrogénio, formando complexas redes de ligações intermoleculares. Agora esqueçam isto, que não tem qualquer relevância para o que pretendo realçar (frustrante não é?). A água é um constituinte fundamental dos corpos vivos. Foi no seu seio que surgiu, provavelmente, a vida, e é dela que a vida está totalmente dependente. Certamente, isto não é novidade para ninguém que tenha feito a quarta classe, correcto? Ora assim sendo, e partindo do pressuposto que sabem a importância fulcral que a água assume na manutenção da vida, deixem-me recordar uns quantos números da actualidade, no mínimo assustadores. Das reservas de água existentes na Terra apenas cerca de 2,5 % são de água doce e portanto directamente consumíveis. Destas, 74 % estão sob a forma de glaciares. Das que sobram, no estado líquido, 98,5 são águas subterrânias. O QUÊ?!?! MAS ENTÃO VAMOS TODOS MORRER À SEDE?? QUERES VER QUE JÁ NÃO ME POSSO DEDICAR À JARDINAGEM?? E ASSIM COMO É QUE EU LAVO O CARRO? Calma, meus amigos, calma. São percentagens cruéis as que vos mostrei(caso não se tenham apercebido, as reservas de água "assim, mais á mão", rondam os 0.3 %), mas a verdade é que a massa de água terrestre é realmente muito extensa, e chega pra satisfazer mais que um par de vezes as necessidades anuais de cada habitante no planeta. No entanto, como tem de haver sempre um senão, apesar da abundância de água ser suficienciente para manter as necessidades populacionais, a sua distribuição é irregular. Os fluxos estão concentrados nas regiões intertropicais, que possuem 50 % do escoamento das águas. Nas zonas temperadas, estão 48 %, e nas zonas áridas e semi-áridas, apenas 2 %. Mas o principal flagelo deste cenário é a poluição aquática, ligada sobretudo à indústria, exploração mineira, e, claro, às diversas actividades dos grandes centros industrializados. Por este ritmo a próxima grande guerra dever-se-á à escassez de água e o futuro dos nossos filhos estará, como já se estima que esteja, gravemente prejudicado. Até daqui a pouco mais de meio século não haverá mais reservas de água potáveis (e isto está provado) e portanto lanço aqui o apelo, de mim para mim, assim como para todos vocês. Poupem, reciclem, sejam ecológicamente amigáveis! Acreditem que fazem toda a diferença. (Se não por vocês pelos que aí vêm, filhos, netos, bisnetos...)

Friday, April 20

Ensaio às duas da manhã

A mais questionável das invenções humanas é sem dúvida a da rotina. Eu adorava saber quem foi o génio que pensou que era engraçado viver um dia a dia aparentemente automatizado. Bem sei que é preciso ter-se em conta os tempos em que vivemos, mas será mesmo necessário fazer de tudo uma corrida? Pressão, pressão, pressão, ainda nem sei o que isso é e já me curva as costas. É adorável ver-me, como a vocês, perder postura sob o peso sufucante de coisa nenhuma que não conheço e que me afecta directamente; chama-se futuro, e foi pensado de modo a poder parasitar esse conseito surrealista do presente, que por sua vez surgiu quando toda a gente se cansou de olhar para atrás das costas. "Jovens, Jovens, vocês é que vivem, não têm preocupações." Quem nos dera, não é? Bem, mas antes este estado de reciclagem mental que uma vida de correntes como as dos nossos pais. Deve ser absulutamente agonizante ser-se adulto. Poder ter noção de como a vida consegue realmente, e desculpem-me o vocabulário, ser uma puta, no sentido em que nos faz o serviço, mas em troca de alguns momentos de prazer nos obriga a pagar, e por vezes bem caro. Saber, também, que há toda uma luta, travada a cada instante: luta nas estradas, luta no emprego, luta de manhã nesse joguinho de puzzle que é o "ficar pronto para sair"(Arranjar? Nós montamo-nos para causar impressão!"). A vida nunca foi perfeita, e eu sei-o pela experiência que me trouxeram todos estes séculos de reencarnação. Esta é a minha certeza, a minha queda no dogmatismo, que a vida não é fácil, que é uma luta connosco próprios, tal como as disputas pela vida na natureza. No entanto, existe uma difença, é que o nosso processo de selecção natural chama-se nota.

Arenito fabuloso


É natural que para quem não está ligado à área de ciências, especialmente geologia, não ache grande interesse nesta fotografia - tirada no verão passado na praia do magoito (sintra) - ou pelo menos, tanto interesse. No entanto, devo dizer que é um arenito espetacular, cujos estratos estão bem visíveis. O mais impressionante é a sua fragilidade. Um ligeiro toque e logo milhares de detritos de dimensões quase microscópicas se libertam do cimento que os une uns aos outros.

Foi há 99 anos...

A memória apaga-se rápido. É uma infeliz verdade. Parece incrível, mas foi esta a carroça onde seguia o rei D.Carlos, D.Amélia de Orleans e os seus filhos D.Luís Filipe e D.Manuel no trágico dia de 1 de Fevereiro de 1908, vindos do palácio real de Vila Viçosa, no Alentejo, em que o rei e seu filho mais velho morreram alvejados do Terreiro do Paço, em Lisboa. Foi o início do fim da monarquia....






















Foto tirada em Vila Viçosa, verão 2006 (cliquem e reparem nas marcas das balas na porta)


























Iconografia da época, ilustrando o atentado

Porque esta é uma dúvida que não me larga.

É justo dizer que as pessoas, nós, são essencialmente más?



Se puderem deixem a vossa opinião, por favor. De resto, se já vos consegui pôr a pensar um bocadinho, dou-me por satisfeito.

Thursday, April 19

Espírito da Cidade

O pesadelo começa há quantos tempos,
quando pela primeira vez
aprendi a amar; quando cinco de sete
ventos me sopraram memória
do que conheci e me tem feito sonhar.

É a vida, o acordar, mente
que mente, não por esconder a verdade,
mas por desconhecer a verdade,
e ainda que tente
não é senão mais uma.
Espírito da cidade.

O acalentar do Inverno,
provoca tonturas e maldição,
e no Verão,
com o seu frio terno,
ferem-me gritos a audição.

Ferem-me achas, cortes, lacerações;
fere-me sobretudo o pesadelo metódico
que me lança desdém em humilhações
enquanto dançamos,
e este passo melódico
me prende as pernas
e rebenta-me tendões.

Reflectir é parar
desta roda viva.
Reflectir é acordar
por breves momentos
de tão pesados tormentos
de existência cativa.

E ao fim do dia,
horas de autocomiseração,
acabam-se os pesadelos e alegria,
esperando outros que virão.




Talvez o texto (nem me atrevo a chamar-lhe poema) mais desinteressante que alguma vez fiz, mas por ser o mais recente e porque gosto de escrever sobretudo em verso decidi deixá-lo por cá. Espero que apesar de tudo não desgostem.

Poema "A lua"

Esfera da noite,
Branca como a neve,
Espelho do sol,
De luz clara e leve.

Musa dos poetas,
Bela como a neve,
Objecto de profetas,
Luz da escuridão.

Por todos louvada,
Nossa irmã,
Símbolo da alma apaixonada,
Ou antes, o cupido.
21.12.05

Desenho de Janeiro de 2006 (Praia Grande do Rodízio, Sintra)



Pequena tentativa

Quando naquelas manhãs te via,
na vereda verde e erma da serra,
queria sentir-te e segredar-te,
num modo carinhoso de quem muito amor encerra
todo o sentimento em mim presente
e ficar contigo até ao derradeiro dia.

A actualidade e a dor de cabeça latente

Durante certos momentos, quando me perco numa fossa que há dentro de mim, dou comigo a reflectir sobre os mais variados temas. O nosso país, por exemplo. Não há na Terra sítio mais bonito, nem, diria, mais caótico. Ocorreu-me então uma coisa, já reparam que é impossível ver notícias nos dias que correm? Eu há muito que desisti. Entre tragédias e comédias, os media têm esse dom de conto de fadas, capaz de tranformar o mais brutal acidente num sketch quase puramente publicitário, concebido para o entretenimento exclusivo do espectador... Ou antes fosse, porque pelo que tenho conseguido inferir, e como o pódio do mundo televisivo jaz nessa competição berrante a que se chamou audiências, o importante é acumular pontos numa batalha frenética por atenção, é que afinal... A nossa atenção traz-lhes dinheiro. Para a merecem somos bombardiados com acontecimentos maioritariamente sensacionalistas (que escutamos deliciados, num pleno e são estado de hipnose avançada! Afinal, quem não adora um bom escândalo?), desde desastres a agoiros, e tenho de me perguntar, será que estamos total e irreversivelmente sujeitos a uma sociedade viciada no lucro, estritamente subjectiva, mas não no sentido construtivo, ou será verdade que o mundo não passa de um lugar realmente terrível, cheio de dramas romanescos? Estimo que 75 por cento do que nos chega aos ouvidos sejam más, terríveis notícias, umas três para cada boa. Definitivamente alguma coisa me escapa, porque cada vez me convenço mais que a informação quotidiana se tornou numa banal encenação de rua.

Wednesday, April 18

Leitura - Primo Basílio

Quero começar por escrever um artigo sobre leitura. A leitura é algo que hoje em dia já pouco se vê entre as gerações mais jovens. É importante ganhar este hábito e esta virtude desde cedo - permite-nos conhecer novos horizontes, em todos os sentidos - . Uma das maneiras de contribuir para o gosto da leitura é partilhar a nossa experiência pessoal com os outros. Poderão não ler já, mas ficarão com alguma curiosidade. O livro de que vos quero agora falar é O Primo Basílio, obra escrita por Eça de Queiroz no final da década de 70 do século XIX. Eça é um autor de enorme riqueza, com uma visão minuciosa e irónica de tudo aquilo que caracteriza a sociedade da época. Esta obra, inserida nessa mesma visão, faz um ataque feroz à vida burguesa da cidade - Lisboa -, centrando as atenções numa típica família, onde figuram as personagens Luísa e Jorge, um casal, mas também uma crítica ao povo, encarnado essencialmente na personagem Juliana e em todo bairro do casal burguês. A acção irá desenvolver-se com a chegada do primo Basílio, o que conduzirá ao final trágico. É uma obra tipicamente realista. De resto, devo salientar a espantosa ironia com que diversas situações são narradas/descritas, dando à leitura um prazer adicional. Por outro lado, através desta obra, assim como qualquer outra de Eça, ficamos a conhecer a sociedade lisboeta de finais do século XIX, facto que nos dias que correm, em que frequentemente se esquece o passado, se deve ter em conta.


Desenhado em Março 2007

Tuesday, April 17

Títulos são facadas...

É verdade, um blog! Eis um bonito passatempo, nem sempre dos mais produtivos, mas com alguma paciência talvez este venha realmente a ser um sítio onde qualquer boémio indivíduo, ou indivídua (viva as senhoras!), possa passar uns breves respiros de pura folia! Embora, e convenientemente, é bom que tal não aconteça de forma demasiado descontraída, porque afinal... Isto pretende-se um projecto minimamente sério. Daqui em diante terão variadas oportunidades de experiênciar, das mais repletas maneiras, o meu constante desrespeito pelo uso da vírgula (sou um Saramago eu, só me falta a arte), uma total falta de nexo ou juízo, e opiniões um tanto ou quanto ridículas, intercaladas com momentos de pura genialidade adolescente, e uma boa pitada de pseudo-intelectualidade. Isto da minha parte. Do meu colega podem esperar basicamente tudo. Sim, ele consegue ser pior do que eu. Mas tenho fé (mentira! Adoro uma boa blasfémia!) na nossa associação e espero que daqui resulte alguma coisa significativa, pela positiva, claro está.

Boas, Lu (daqui em diante conhecido como "O Fugas")

Prefácio

Em primeiro lugar, quero apresentar este blog e justificar a sua existência. Desde há muito que o Luís e eu pensamos em construir algo deste género - um blog. Falando por mim, sempre tive em mente poder expressar aquilo que sinto através da escrita. E, que melhor que um blog para tal? O título não necessita de qualquer tipo de explicação, é uma palavra utilizada aqui em toda a sua plenitude. Ao ter um colaborador como o Luís, creio que será uma empresa de bons resultados. O blog irá certamente abordar diversos temas, aqueles que a propósito vierem de uma análise. Quero apenas, para terminar, desejar que apreciem esta pequena obra e agradecer a todos.
Alexandre Ochôa de Campos Matos