Monday, July 30

Dança


Eu não sou muito de danças, verdade seja dita. Sou daqueles que nasce sem a herança genética que leva a uma certa propensão, à chamada "queda" para a dança. Definitivamente, não sou vocacionado para a dança. Contudo, isso não me impede de o tentar. Pois bem, tentei-o faz agora pouco mais de um mês. O resultado pode dizer quem viu. Deixo apenas uma foto como recordação de um momento em que pela primeira vez quase senti parkinson no corpo.

Um especial agradecimento à grande dançarina. (Sem ela eu não ia longe).

Wednesday, July 25

Votação

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Parabéns ao 1º rei Português

Pois é, D.Afonso Henriques faz hoje 898 anos. Nasceu em 25 de Julho de 1109, sendo filho do Conde D.Henrique de Borgonha e D.Teresa de León.




















D.Afonso Henriques (1109-1185)
D.Sancho (1154-1211)
D.Afonso II (1185-1223)
D.Afonso III (1210-1279)
D.Dinis (1261-1325)
D.Afonso IV (1291-1357)
D.Pedro I (1320-1367)
D.João I (1357-1433)
D.Afonso (1370-1461) 1º Duque de Bragança
D.Fernando (1403-1478) 2º Duque de Bragança
D.Fernando (1430-1483) 3º Duque de Bragança
D.Jaime (1479-1532) 4º Duque de Bragança
D.Teodósio (1510-1563) 5º Duque de Bragança
D.João (1543-1583) 6º Duque de Bragança
D.Teodósio (1568-1630) 7º Duque de Bragança
D.João IV (1604-1656) 8º Duque de Bragança, Rei de Portugal
D.Pedro II (1648-1706) Rei de Portugal
D.João V (1689-1750) 11ºDuque de Bragança, Rei de Portugal
D.José I (1714-1777) 12º Duque de Bragança, Rei de Portugal
D.Maria I (1734-1816) 13º Duque de Bragança, Rainha de Portugal
D.João VI (1767-1826) 15º Duque de Bragança, Rei de Portugal
D.Miguel I (1802-1866) 17º Duque de Bragança, Rei de Portugal
D.Miguel II (1853-1927) 22º Duque de Bragança
D.Duarte Nuno (1907-1976) 23º Duque de Bragança
D.Duarte Pio (1945- ) 24º Duque de Bragança

Monday, July 23

Pelo Souto de Crexente

Pelo souto* de Crexente
ua pastor vi andar
muit'alongada de gente
alçando voz a cantar,
apertando-se na saia
quando saía la raia
do sol nas ribas do Sar.

E as aves que voavam,
quando saía l'alvor,
todas d'amores cantavam
pelos ramos d'arredor,
mais nom sei tal qu'i stevesse
que em al cuidar podesse
senom todo em amor.

Ali stivi eu mui quedo,
quis falar e nom ousei,
empero* dix'a gram medo:
-Mia senhor, falar-vos-ei
um pouco, se mi ascuitardes,
e ir-m'ei quando mandardes,
mais aqui nom estarei.

-Senhor, por Santa Maria,
nom estedes mais aqui,
mais ide-vos vossa via,
faredes mesura* i*,
ca os que aqui chegarem,
pois que vos aqui acharem,
bem diram que mais ouv'i*.

souto - bosque
empero -mas
mesura - cortesia, gentileza
i - aí
ouv'i - houve aqui


JOAM AIRAS DE SANTIAGO, séc. XIII

Sunday, July 22

Estágio de Biologia Molecular no Porto

Cheguei no passado domingo ao Porto, uma cidade até então desconhecida para mim. É verdade que havia já passado aqui algumas vezes, mas sem parar a maioria delas e, além disso, nas poucas em que parei, estava em tenra idade. Vim desta vez para um estágio de Biologia Molecular no Jardim Botânico, tendo precisamente como objectivo conhecer melhor a área das biologia e química, conhecer novas pessoas, descobrir o que há de interessante nesta cidade e estar com família. Pois então devo dizer que a experiência tem sido espectacular. O Porto é uma cidade de uma tonalidade mais escura - devido à predominância de rochas melanocratas -, contrastando com os calcários de Olisipum. Passeei-me pela zona centro desta bela cidade - Aliados, Torre dos Clérigos e Baixa - e está realmente presente um ambiente agradável nesta área da cidade, sendo de realçar a sua boa conservação. Fui entretanto à foz, tendo feito o chamado "passeio geológico" até Matosinhos. A paisagem aqui é deslumbrante, sendo a zona costeira entremeada com rochas de diversos tipos e feitios. O metro do Porto é também diferente do de Lisboa, tem a sua graça. É menos sombrio. A gente é simpática na sua maioria, o clima mais oceânico. Concluíndo, resta-me aconselhar a quem não conhece a capital do norte a passar aí alguns dias.

Poesia medieval - Abadessa, oí dizer

Comprei hoje um livro de Eugénio de Andrade - Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa - onde o autor faz uma selecção das poesias que mais lhe sobressaem na sua memória de leitor, por ordem cronológica. Eu gosto particularmente da poesia trovadoresca. Aqui têm um exemplar.


Abadessa, oí* dizer
que érades mui sabedor
de todo bem, e, por amor
de Deus, querede-vos doer
de mim, que ogano* casei,
que bem vos juro que nom sei
mais que um asno de foder.

Ca me fazem em sabedor
de vós que avedes bom sem
de foder e de todo bem,
ensinade-me mais, senhor,
como foda, ca o nom sei,
nem padre nem madre nom ei*
que m'ensin, e fiquei pastor*.

E se eu ensinado vou
de vós, senhor, deste mester*
de foder e foder souber
per vós, que me Deus aparou*,
cada que per foder, direi
Pater Noster e enmentarei*
a alma de quem m'ensinou.

E per i* podedes gaar,
mia senhor, o reino de Deus:
per ensinar os pobres seus
mais ca por outro jajuar,
e per ensinar a molher
coitada que a vós veer,
senhor, que nom souber ambrar*

AFONSO EANES DO COTOM (séc. XIII)

oí - ouvi
ogano - este ano
ei - hei (verbo haver, "tenho")
pastor - jovem, inocente
aparou - arranjou
enmentarei - referirei
i- aí

Tuesday, July 10

MadTV - Ecstasy



Digam o que disserem tá de cagar xD

(Imaginação)

Sinto-me a voltar a mim
consciente num súbito acordar...

Nunca vi tão bizarro lugar
que no entanto me é, estranhamente, familiar.

O azul de fundo e a fraca iluminação,

A música compassada ao bater do coração,
deste meu coração aterrado
que se agarra à luz do outro lado
desta sala em que me encontro,
Obstruem-me o pensamento.

É melhor correr, enquanto

Esses pontos de azul formam fileiras,
inda sou novo para morrer!
Portanto, correr, escapar às trincheiras!
Achar a saída, onde está?!

O pânico, o movimento, respirar...

Que coordenação!
Compasso a compasso, parar
de correr é morrer, salva-te coração!

Por sorte...

A saída está escrita a sangue,
e é para lá que o instinto me dirige,
devo ultrapassar o que a inscrição me redige.

Passando a parede há sempre tempo para filosofar,
então, será isto destino?

Ah! Claridade! mas só por um segundo.
O compasso passa a ser ditado
por milhares de relógios de outra geração,
já que estou noutra sala... já não ouço o coração
sufocado entre labirintos
de tic-tac-toc...

À minha volta?

Pêndulos! pêndulos? E tantos!
Mas vou correr, ainda não é
este aquele meu lugar. Passadas
ante passadas, até encontrar o supé,
a base desta fantasia.

E esquecido na correria...

Deixo o coração para trás,
talvez o recupere... um dia,
porém agora? Tanto me faz,
porque aquele coração não era meu.

Por uma porta fechada

Aberta pelos primeiros passos
vagabundos, entra-se vagarosamente,
trancado, em humanos, riscados traços,
olho em frente e nada vejo.

Do meio branco

Só se distinguem prateleiras,
brancas como a cinza mentirosa,
que pegam em mim, que carregam
com uma força parigosa,
até me arrancarem de onde estive.

E esta lava preta que me envolve

Engole-me, transportadora como é
mudou o meu espírito.
Destinado estou, portanto,
a cair.