Tuesday, July 10

(Imaginação)

Sinto-me a voltar a mim
consciente num súbito acordar...

Nunca vi tão bizarro lugar
que no entanto me é, estranhamente, familiar.

O azul de fundo e a fraca iluminação,

A música compassada ao bater do coração,
deste meu coração aterrado
que se agarra à luz do outro lado
desta sala em que me encontro,
Obstruem-me o pensamento.

É melhor correr, enquanto

Esses pontos de azul formam fileiras,
inda sou novo para morrer!
Portanto, correr, escapar às trincheiras!
Achar a saída, onde está?!

O pânico, o movimento, respirar...

Que coordenação!
Compasso a compasso, parar
de correr é morrer, salva-te coração!

Por sorte...

A saída está escrita a sangue,
e é para lá que o instinto me dirige,
devo ultrapassar o que a inscrição me redige.

Passando a parede há sempre tempo para filosofar,
então, será isto destino?

Ah! Claridade! mas só por um segundo.
O compasso passa a ser ditado
por milhares de relógios de outra geração,
já que estou noutra sala... já não ouço o coração
sufocado entre labirintos
de tic-tac-toc...

À minha volta?

Pêndulos! pêndulos? E tantos!
Mas vou correr, ainda não é
este aquele meu lugar. Passadas
ante passadas, até encontrar o supé,
a base desta fantasia.

E esquecido na correria...

Deixo o coração para trás,
talvez o recupere... um dia,
porém agora? Tanto me faz,
porque aquele coração não era meu.

Por uma porta fechada

Aberta pelos primeiros passos
vagabundos, entra-se vagarosamente,
trancado, em humanos, riscados traços,
olho em frente e nada vejo.

Do meio branco

Só se distinguem prateleiras,
brancas como a cinza mentirosa,
que pegam em mim, que carregam
com uma força parigosa,
até me arrancarem de onde estive.

E esta lava preta que me envolve

Engole-me, transportadora como é
mudou o meu espírito.
Destinado estou, portanto,
a cair.

1 comment:

Anonymous said...

excelente!continua assim