Wednesday, November 28

Le Rêve - "O sonho" de Picasso

Vi este quadro hoje, numa aula de francês, e gostei. Sou um ignorante no mundo da arte, mas acho que a suavidade das formas, o contraste de cores quentes e frias, a disposição do corpo da mulher, tudo está em harmonia. Foi feito por Picasso (1881-1973) em 1932, numa tarde de Agosto, segundo consta, sendo a modelo uma amante sua: Marie-Thérèse Walter (1907-1977).

Monday, November 26

Saturday, November 24

Ao sol posto

Eu gosto de te ver ao sol posto,
as folhas cobrindo a tua laranja face,
folhas outonais,
ah...como me sabe bem ter e ver o céu azul
sobre ti,
a serra defronte!
E, no entanto, é na infinitude
do meu pensamento
que está a tua finitude,
um dia não serás já minha,
apenas memória talvez.

Wednesday, November 21

Alberto Caeiro


Foi poeta singular, sensacionista, símbolo da negação do pensar, da razão. Em todos os seus poemas está presente uma tentativa expressa de ver a realidade com "o olhar" e nunca com a razão. Poder-sé-á considerar este heterónimo como o oposto do ortónimo. Contudo, a temática central é a mesma, apenas observada de um prisma diferente. É, acima de tudo, o poeta da natureza, prosaico e simples na sua linguagem, com uma suavidade surpreendente em todo o seu discurso. Confesso admirador de Cesário Verde, foi também ele admirado pelos restantes heterónimos e Fernando Pessoa ortónimo.





Tu, místico, vês uma significação em todas as cousas.

Para ti tudo tem um sentido velado.

Há uma cousa oculta em cada cousa que vês.

O que vês, vê-lo sempre para veres outra cousa.

Para mim, graças a ter olhos só para ver,

Eu vejo ausência de significação em todas as cousas;

Vejo-o e amo-me, porque ser uma cousa é não significar nada.

Ser uma cousa é não ser susceptível de interpretação.



In Poemas Inconjuntos



Quando tornar a vir a primavera

Talvez já não me encontre no mundo.

Gostava agora de poder julgar que a primavera é gente

Para poder supor que ela choraria,

Vendo que perdera o seu único amigo.

Mas a primavera nem sequer é uma coisa:

É uma maneira de dizer.

Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.

Há novas flores, novas folhas verdes.

Há outros dias suaves.

Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.



In Poemas Inconjuntos



XXXV


O luar através dos altos ramos,

Dizem os poetas todos que ele é mais

Que o luar através dos altos ramos.


Mas para mim, que não sei o que penso,

O que o luar através dos altos ramos

É, álém de ser

O luar através dos altos ramos,

É não ser mais

Que o luar através dos altos ramos.


In O Guardador de Rebanhos



XIII


Leve, leve, muito leve,

Um vento muito leva passa,

E vai-se, sempre muito leve.

E eu não sei o que penso

Nem procuro sabê-lo.


In O Guardador de Rebanhos

Thursday, November 8

Despedida


Foram dois anos e meio diferentes, crescemos todos bastante. Gostando ou não, foi graças a esta professora que nos tornámos os jovens adultos que somos. Vou ter saudade, vou lembrar e recordar sempre com alegria e pena, pois muitos dos melhores momentos que tive foram com e sobre si. Participei há dias numa gala onde se atibuíram prémios a professores e aí decidimos, merecidamente, atribuir-lhe o prémio Carreira, tendo sido apenas um símbolo daquilo que para nós representou, a ponta do iceberg.

Wednesday, November 7

Monday, November 5

Vilancete do século XVI







É uma pequena composição poética ibérica. Provavelmente não poderá ser considerada um vilancete - ou vilancico - como era também denominado todo o poema com um mote, que servia de refrão, seguido de algumas estrofes - as voltas - com 7 versos. Estes eram geralmente concebidos na "medida velha", isto é, com 5 ou 7 sílabas métricas. Era muito comum na Ibéria renascentista, sendo Camões um dos seus utilizadores. As suas temáticas eram geralmente o amor não correspondido, a saudade, a melancolia do poeta amado/amador. Trata-se de um poema provavelmente castelhano, do século XVI, que tem a sua piada. É dos temas que mais aprecio, a literatura medieval, apesar de pouco saber dela....






Di, perra mora,



di, matadora,



¿porqué me matas



y siendo tuyo,



tan mal me tratas?






Pedro Guerrero










Di - diz



perra - cadela



mora - moura