Monday, October 15

A origem da heteronímia em Pessoa III


Concordo consigo, disse, em que não fiz a estreia, que de mim mesmo fiz, com a publicação de Mensagem. Mas concordo com os factos que foi a melhor estreia que eu poderia fazer.


Precisamente porque esta faceta - em certo modo secundária - da minha personalidade não tinha sido suficientemente manifestada nas minhas colaborações em revistas (excepto no caso do «Mar Português», parte desse mesmo livro) - precisamente por isso convinha que ela aparecesse, e que aparecesse agora. Coincidiu, sem que eu o planeasse ou o premeditasse (sou incapaz de premeditação prática), com um dos momentos críticos (no sentido original da palavra) da remodelação do subconsciente nacional. O que fiz por acaso e se completou por conversa, fora exactamente talhado, com Esquadria e Compasso, pelo Grande Arquitecto.


(Interrompo. Não estou doido nem bêbado. Estou, porém, escrevendo directamente, tão depressa quanto a máquina mo permite, e vou-me servindo das expressões que me ocorrem, sem olhar a que literatura haja nelas. Suponha - e fará bem em supor, porque é verdade - que estou simplesmente falando consigo.)


Respondo agora directamente às suas perguntas: (1) plano futuro da publicação das minhas obras, (2) génese dos meus heterónimos, e (3) ocultismo.

1 comment:

Anonymous said...

Gosto de ver que buscas sempre o 'porquê' das coisas existirem/acontecerem. Mas já agora, não te esqueças do Ricardo Reis, não é um heterónimo muito 'gostado', mas dá-me esse prazer de leitura e, como não poderia deixar de ser, de Alberto Caeiro, o 'ser' inconsciênte que Pessoa tanto aspirou ser, ele e muitos de nós também..
Bijinho Alexandre*