Friday, August 3

Viagem Porto-Viana do Castelo

Era uma manhã fresca de verão, fins de Julho, típica na cidade do Porto. Havia combinado no dia anterior uma ida a Viana do Castelo com um simpático grupo de hermanos. Era uma viagem de comboio - trem como eles dizem -. Acordei por volta das 6h30 da manhã, após uma curta noite de repouso de seis horas. Estava ainda o sol a nascer, preguiçoso e lento. Olhei pela janela do meu quarto, pairava uma atmosfera leve, característica das madrugadas de verão. Estava entusiasmado com a ideia de ir partilhar uma manhã e uma tarde com pessoas que pouco conhecia, podendo além disso aprender um pouco de castelhano. Tomei rapidament o desayuno, saí. Fui pela erma rua até ao metro de Carolina Michaellis, tendo dirigido-me até Campanhã. Aí esperei uns 10 minutos pelo Daniel e pela Isabel, os meus colegas espanhóis do estágio. Apareceu depois a Laura (monitora espanhola) acompanhada de duas espanholas. Éramos um grupo interessante - um madrileno, uma leonense, uma zamorense, uma canariana e um português -. Devo salientar que o sotaque da canariana, a Nazaret, era muitas vezes alvo de chalaça. O comboio partia as 7h55, caso a memória não me esteja a faltar. Comprámos os bilhetes, dirigimo-nos para o comboio que nos levaria a Viana, sentido Vigo. Partimos a horas certas, dizendo "até já" à capital nortenha. Durante o início da viagem ajudei a monitora a fazer uns exercícios de português. A viagem foi um pouco molestante, enfadonha, demorou 2 horas quase, quando de carro demoraria apenas 40 minutos. Há a registar apenas a entrada de um grupo de umas trinta senhoras avantajadas, cinquentonas, falando aos altos berros, peixeiras. Uma delas trazia um Nenuco aos braços, com feições muito realistas, quase assombrosas pela sua extrema parecença com a realidade, faltando apenas dizer um olá sorridente. Pedia assim dinheiro aos poucos passageiros que àquela hora por ali estavam. Tentei, embaraçado, explicar ao meu grupo que eram umas brincalhonas. Rimo-nos um pouco, admito, como não poderia deixar de ser. É pena apenas a imagem que transpareceu. Chegámos a Viana às 9h30, fomos a um café. Em seguida demos uma volta pelo centro histórico de Viana, fomos ao posto de turismo. Tínhamos planeado subir ao belo e distinto monte de Sta. Luzia, onde está repousado um imponente templo com uma vista única para o vale do Lima. Assim o fizemos, tendo feito uma escalada pela serra acima. O caminho era bastante verde, árboreo, calmo e relaxante. Merece destaque um esquilo que vi, o primeiro que vi à solta na minha curta vida. A dada altura esbarrámos com um muro que nos impedia subir. Tentámos então, a grande custo, trepá-lo e...conseguimos. Prosseguimos e, após alguns atalhos, muita conversa e animação atingimos Sta.Luzia, onde milhares de abutres vendedores tentaram impingir santinhas mal feitas e de duvidoso preço. No que diz respeito à vista não há descrição possível: dificilmente seria fiel à realidade. Vislumbra-se a cidade lá em baixo, o rio, calmo e sereno, azul, dirigindo-se em relação ao magnífico atlântico. Para Este, as longinquas montanhas, verdes e castanhas, contrastando com o azul claro do céu. De seguida descemos a montanha, fomos a um centro comercial comprar alguns "nutrientes" para ir depois almoçar à beira-rio. Foi uma refeição sob um escaldante sol, sendo nós acariciados pela frescura do Lima. Fomos depois à Praia Norte, se não me engano, onde uma paisagem deslumbrante de rochas permanece quase intacta. Estava cansado após um dia tão extenso e, tendo aconselhado os meus recentes amigos a ir a Ponte de Lima, vila única em Portugal e ligada às minhas origens, acompanhei-os à estação de camionetes e dirigi-me para a estação de comboios, onde ainda assisti a uma demonstração tipicamente portuguesa do que é ser bronco: pancadaria. Coincidência das coincidências, ao entrar no comboio quem estava lá? O já falado grupo de gralhas cinquentonas, já empanturradas, gorduchas, prontas para mais um alvoroço. O comboio não era directo para o Porto, tivémos de sair em Nine. Aí estive 40 minutos, onde ainda tive tempo para falar com um passageiro que ali estava, simpático até. Finalmente cheguei ao Porto...com a sensação de ter passado um dia completo a todos os níveis, enriquecedor. Tenho saudades, e foi apenas há 2 semanas.

1 comment:

Anonymous said...

Eu lembro-me dessa viagem, viagem que ocorreu no fim-de-semana que intercalava as duas semanas de estágio, viagem à qual não fui, mas que vejo ter sido bem produtiva/entretida! O norte é lindo, disso não resta dúvida alguma.
Ai BMP, como deixa saudade, como se torna ainda mais triste saber que apenas nos poderemos recordar e não voltar a vivê-lo/viver tudo aquilo que vivemos.. Foram duas semanas únicas, irão sempre sê-lo, mais que não seja por aquilo que 'deixou'.
Beijinhos Alex