Thursday, January 3
Fim?
Tuesday, December 11
Rei Bob...Dylan
Wednesday, November 28
Le Rêve - "O sonho" de Picasso
Monday, November 26
Saturday, November 24
Ao sol posto
as folhas cobrindo a tua laranja face,
folhas outonais,
ah...como me sabe bem ter e ver o céu azul
sobre ti,
a serra defronte!
E, no entanto, é na infinitude
do meu pensamento
que está a tua finitude,
um dia não serás já minha,
apenas memória talvez.
Wednesday, November 21
Alberto Caeiro
Thursday, November 8
Despedida
Wednesday, November 7
Monday, November 5
Vilancete do século XVI
Monday, October 29
Apresentação à Constança
Sunday, October 28
A origem da heteronímia em Pessoa IX
Creio que lhe expliquei a origem dos meus heterónimos. Se há porém qualquer ponto em que precisa de um esclarecimento mais lúcido – estou escrevendo depressa, e quando escrevo depressa não sou muito lúcido - , diga, que de bom grado lho darei. E, é verdade, um complemento verdadeiro e histérico: ao escrever certos passos das Notas para recordação do meu Mestre Caeiro, do Álvaro de Campos, tenho chorado lágrimas verdadeiras. É para que saiba com quem está lidando, meu caro Casais Monteiro!
Mais uns apontamentos nesta matéria… Eu vejo diante de mim, no espaço incolor mas real do sonho, as caras, os gestos de Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Construí-lhes as idades e as vidas. Ricardo Reis nasceu em 1887 (não me lembro do dia e do mês, mas tenho-os algures), no Porto, é médico e está presentemente no Brasil. Alberto Caeiro nasceu em 1889 e morreu em 1915; nasceu em Lisboa mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão, nem educação quase alguma. Álvaro de Campos nasceu em Tavira, no dia 15 de Outubro de 1890 (às 1.30 da tarde, diz-me o Ferreira Gomes; e é verdade, pois, feito o horóscopo para essa hora, está certo). Este, como sabe, é engenheiro naval (por Glasgow), mas agora está aqui em Lisboa em inactividade. Caeiro era de estatura média, e, embora realmente frágil (morreu tuberculoso) não parecia tão frágil como era. Ricardo Reis é um pouco, mas muito pouco, mais baixo, mais forte, mas seco. Álvaro de Campos é alto (1,75 m de altura, mais dois cm do que eu), magro e um pouco tendente a curvar-se. Cara rapada todos – o Caeiro louro sem cor, olhos azuis; Reis de vago moreno mate; Campos, entre o branco e moreno, tipo vagamente de judeu português, cabelo, porém, liso e normalmente apartado ao lado, monóculo. Caeiro, como disse, não teve mais educação que quase nenhuma – só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia-avó. Ricardo Reis, educado num colégio de jesuítas, é, como disse, médico; vive no Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico. É um latinista por educação alheia, e um semi-helenista por educação própria. Álvaro de Campos teve uma educação vulgar de liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem a Oriente de onde resultou o Opiário. Ensinou-lhe latim um tio beirão que era padre.
Como escrevo em nome destes três? Caeiro, por pira e inesperada inspiração, sem saber ou sequer calcular que iria escrever. Ricardo Reis, depois de uma deliberação abstracta, que subitamente se concretiza numa ode. Campos, quando sinto um súbito impulso para escrever e não sei o quê. (O meu semi-heterónimo Bernardo Soares, que aliás em muitas coisas se parece com Álvaro de Campos, aparece sempre que estou cansado ou sonolento, de sorte que tenha um pouco suspensas as qualidades de raciocínio e de inibição; aquela prosa é um constante devaneio. É um semi-heterónimo porque, não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e a afectividade. A prosa, salvo o que o raciocínio dá de ténue à minha, é igual a esta, e o português perfeitamente igual; ao passo que Caeiro escrevia mal o português, Campos razoavelmente mas com lapsos como dizer «eu próprio» em vez de «eu mesmo», etc. Reis melhor do que eu, mas com um purismo que considero exagerado. O difícil para mim é escrever a prosa de Reis – ainda inédita – ou de Campos. A simulação é mais fácil, até porque é mais espontânea em verso.)
Nesta altura estará o Casais Monteiro pensando que má sorte o fez cair, por leitura, em meio de um manicómio. Em todo o caso, o pior de tudo isto é a incoerência com que o tenho escrito. Repito, porém: escrevo como se estivesse falando consigo, para que possa escrever imediatamente. Não sendo assim, passariam meses sem eu conseguir escrever.
Falta responder à sua pergunta quanto ao ocultismo. Pergunta-me se creio no ocultismo. Feita assim, a pergunta não é bem clara; compreendo porém a intenção e a ela respondo. Creio na existência de mundos superiores ao nosso e de habitantes nesses mundos, em existências de diversos graus de espiritualidade, subtilizando-se até se chegar a um Ente Supremo, que presumivelmente criou este mundo. Pode ser que haja outros Entes, igualmente supremos, que hajam criado outros universos, e que esses universos co-existam com o nosso, interpenetradamente ou não. Por estas razões, e ainda outras, a Ordem Externa do ocultismo, ou seja a Maçonaria, evita (excepto a Maçonaria Anglo-Saxónica) a expressão «Deus», dadas as suas implicações teológicas e populares, e prefere dizer «Grande Arquitecto do Universo», expressão que deixa em branco o problema de se ele é Criador ou simplesmente Governador, do mundo. Dadas essas escalas de seres, não creio na comunicação directa com Deus, mas, segundo a nossa afinação espiritual, poderemos ir comunicando com seres cada vez mais altos. Há três caminhos para o oculto: o caminho mágico (incluindo práticas como as do espiritismo, intelectualmente ao nível da bruxaria, que é magia também), caminho esse extremamente perigoso, em todos os sentido; o caminho místico, que não tem propriamente perigos, mas é incerto e lento; e o que se chama o caminho alquímico, o mais difícil e o mais perfeito de todos, porque envolve uma transmutação da própria personalidade que a prepara, sem grandesriscos, antes com defesas que os outros caminhos não têm. Quanto a «iniciação» ou não, posso dizer-lhe só isto, que não sei se responde à sua pergunta: não pertenço a Ordem Iniciática nenhuma. A citação, epigrafe ao meu poema Eros e Psyche, de um trecho (traduzido, pois o Ritual é em latim) do Ritual do Terceiro Grau da Ordem Templária de Portugal, indica simplesmente – o que é facto – que me foi permitido folhear os Rituais dos três primeiros graus dessa Ordem, extinta, ou em dormência, desde cerca de 1888. se não estivesse em dormência, eu não citaria o trecho do ritual, pois se não devem citar (indicando a origem) trechos de Rituais que estão em trabalho.
Creio assim, meu querido Camarada, ter respondido, ainda com certa incoerência às suas perguntas. Se há outras que deseja fazer, não hesite em fazê-las. O que poderá suceder, e isso me desculpará desde já, é não responder tão depressa.
Abraça-o camarada que muito o estima e admira,
Fernando Pessoa.
Friday, October 26
A origem da heteronímia em Pessoa VIII
Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir – instintiva e subconscientemente – uns discípulos. Arranquei do seu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome, e ajustei-o a si mesmo, porque nessa altura já o via. E, de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo individuo. Num jacto, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a Ode Triunfal de Álvaro de Campos – a Ode com esse nome e o homem com o nome que tem.
Criei, então, uma coterie inexistente. Fixei aquilo tudo em moldes de realidade. Graduei as influências, conheci as amizades, ouvi, dentro de mim, as discussões e as divergências de critérios, e em tudo isto me parece que fui eu, criador de tudo, o menos que ali houve. Parece que tudo se passou independentemente de mim, e parece que assim ainda se passa. Se algum dia eu puder publicar a discussão estética entre Ricardo Reis e Álvaro de Campos, verá como eles são diferentes, e como eu não sou nada na matéria.
Saturday, October 20
A origem da heteronímia VII
Thursday, October 18
A origem da heteronímia em Pessoa VI
Wednesday, October 17
A origem da heteronímia em Pessoa V
Tuesday, October 16
A origem da heteronímia em Pessoa IV
Monday, October 15
A origem da heteronímia em Pessoa III
A origem da heteronímia em Pessoa II
A origem da heteronímia em Pessoa
Sunday, October 14
Outras figuras do modernismo
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.
Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida... (...)
Desceu-me n'alma o crepúsculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.
«Dispersão»
Saturday, October 13
Friday, October 12
imagem
repentino,
apercebo a chuva,
o cinzento que me rodeia,
um chão de pedra,
carris defronte,
imagem citadina,
sóbrea,
afeiçoada a mim,
igual a mim,
apenas não-falante,
não-pensante...
Saturday, October 6
Serra de Sintra vista pelo Google Earth
Thursday, September 27
Vislumbramento
achei-te certa graça,
um encanto natural.
Sou complexo, difícil, estranho,
Raro me sinto em paz,
Sou frágil, quebradiço.
E é então neste vislumbramento
que olvido tudo,
me deslumbro, me ofusco.
27.9.2007
Monday, September 24
Poema de Fernando Pessoa
Tuesday, September 18
Pequena tentativa
Todos os dias entrava aquele pasteloso, seboso e gordalhufo rabo na sala de sermões: uma esganiçada voz, rouca ainda por vezes, era solta de áspero modo, arranhando os tímpanos mais sensíveis, causando mesmo náuseas. Logo se ouviam conversas sobre patinagem, almoços em casa da mater, por vezes até insectologia. Algumas almas eruditas se tentavam ainda aguentar no meio de tal desgraçado ambiente, agitando fortemente os braços, ganindo pelo sacro esclarecimento de uma dúvida que atormentava o seu encéfalo atormentado havia já alguns dias. A veneranda mestre aproximava-se. Numa voz agonizante soltava então um “seja”, esplanava a solução no negro quadro a meia-dúzia de almas atentas. Por vezes, algum cordeiro se levantava, tentava demonstrar a sua insatisfação perante este recreio. Em vão, porém. A velha peruca mal se movia, nem um movimento de olhos focava o cordeiro. Então, lentamente, sonolentamente, agoniadamente, uma névoa caía sobre a sala, as paredes tornavam-se grades, os vidros embaciados e o ar pesado. Os mais bravos combatentes iam por fim esmorecendo, caíndo na desgraça das equações. No entanto, no final, já saudosos de algo estimulante, ouviam o toque de saída. Rapidamente se abriam as portadas amareladas, uma lufada de ar entrava, fazendo mover de leve as pesadas saias da pesada senhora. Todos se animavam, fugiam para o verdadeiro recreio, ofendidos, atormentados e amedrontados de tamanha desgraça.
Saturday, September 15
Divagações
sob aqueles pontos distantes,
cintilantes,
eu senti-me bem,
com a humidade aos ombros,
refrescando a minha testa quente,
fatigada de tanto pensar
e pouco concluir.
16.9.2007
Saturday, September 8
Vista Una
Monday, September 3
Simples Palavras
Eu
não porque queira,
não porque necessite,
mas questiono-me demais,
e assim entro no escuro.
Saturday, September 1
As línguas latinas
Português
Portugal é um país situado no sudoeste da Europa, na zona Ocidental da Península Ibérica, delimitado ao norte e ao leste por Espanha, ao sul e oeste pelo Oceano Atlântico. O território português compreende além dissso os arquipélagos autónomos dos Açores e Madeira, situados no Oceano Atlântico, completando uma áre total de 92,391 km2.
Galego
Portugal é un país situado no sudoeste da Europa, na zona Ocidental da Península Ibérica, delimitado ao norte e ao leste por España, ao sur e oeste polo Océano Atlántico. O territorio Portugués comprende ademais os arquipélagos autónomos dos Azores e Madeira, situados no Océano Atlántico, completando unha área total de 92,391 km².
Mirandês
Bi por ende ua notícia que dá cunta de que, pa l anho que ben, seran trés l professores a ansinar mirandés. A ser berdade, ye ua buona notícia.
Mas ye tamien ua respunsabilidade no muito qu'hai que fazer para que l ansino de la lhéngua mirandesa nun ande todos als anhos als tropeçones i sien saber quei se bai a passar cun el.
Ls professores precísan de tener melhores cundiçones de trabalhos i precísan tamien de tener mais formaçon i acunpanhamento para que l sou trabalho seia abaliado i reconhecido; ls alunos ténen dreito a tener manuales i outros meios para daprender (nun ténen que ser ls professores a fazer todo); ls pais i ancarregados d'eiducaçon ténen l dreito de saber porquei daprender dues lhénguas puode traer bantaijes pa ls sous filhos; las scolas ténen que tener meios i outonomie para que ls lunos i las aulas de mirandés nun seian siempre dadas an horas que mais naide quier...
Castelhano
Portugal es un país situado al sudoeste de Europa en la zona Occidental de la Península Ibérica. Es limitado al este y al norte con España, y al sur y oeste con el océano Atlántico. El territorio de Portugal comprende también los archipiélagos autónomos de las Azores y de Madeira, situados en el hemisferio norte del océano Atlántico, completando una área total de 92,391 km2.
Catalão
Les fronteres de Portugal les marquen, en bona mesura, les muntanyes i els rius. L'interior és muntanyenc i descendeix cap a les planes litorals, cultivades profusament. El punt més alt del territori portuguès és la muntanya del Pico, situada a l'illa homònima (illes Açores, que té més de 2,000 metres d'alçada. Portugal és travessat per tres grans rius, els naixement dels quals és a Espanya i la desembocadura a les ciutats principals del país. El clima portuguès varia amb l'alçada i oscil·la entre les temperatures elevades i l'ambient sec de les regions del sud i unes temperatures mitjanes més baixes amb un ambient humit a la zona nord. Les pluges són constants durant tot l'any tret del període comprès entre juliol i agost, durant el qual són pràcticament nul·les.
Occitano
Portugal es un país dau sud-oèst d'Euròpa, a l'oèst de la Peninsula Iberica; es la pàtria dau pòble portugués e forma un estat. Es limitròf amb l'estat d'Espanha au nòrd e a l'èst e es en riba de l'ocean Atlantic au sud e a l'oèst. Pereu ne fan partia dos archipèlas de l'Atlantic Nòrd: los Açòres e Madèira. A una populacion de 10 566 212 estatjants (2005) e una superfícia de 92 391 km².
Francês
Le Portugal se situe au sud-ouest de l'Europe, dans la zone occidentale de la Péninsule Ibérique, délimité au nord et à l'est par l'Espagne, et au sud et à l'ouest par l'océan Atlantique. Le territoire du Portugal comprend les régions autonomes des Açores et de Madère, situées dans l'océan Atlantique, ayant une superfície totale de 92,391km2.
Italiano
Il Portogallo è lo stato più occidentale d'Europa, dopo l'Islanda. Affacciato sull'Oceano Atlantico, con circa 830 chilometri di coste a sud e a ovest, confina solo con la Spagna (Galizia a nord, Castiglia e Leon, Estremadura e Andalusia a est). Il suo territorio, corrispondente all'antica provincia romana di Lusitania, occupa una fascia di territorio lunga circa 600 km e larga 150/200 km che dai rilievi della Meseta spagnola scende fino alla costa atlantica.
Romeno
Portugalia (portugheză Portugal) sau Republica Portugheză (portugheză República Portuguesa) este o ţară situată în extrema sud-vestică a Europei, din Peninsula Iberică, având graniţă cu Oceanul Atlantic în vest şi în sud, şi cu Spania în nord şi în est. De asemenea include două grupuri de insule ale Atlanticului: Insulele Azore (Açores) şi Insulele Madeira.
Latim
Portugalliam transeunt tria magna flumina; Durius (Douro), Tagus (Tejo) et Anas (Guadiana), quae omnia in Hispania oriuntur et in Oceanum Atlanticum influunt. In quorum influentia, Tagus caput, Olisiponem, et Durius secunda ponderis urbem, Portum Calem transit. Anas limite civitatis Australi influit. Flumen Minius (Minho) limitem facit, per ultimam cursus partem, inter Gallaeciam (Hispaniam) et Lusitaniam.
Friday, August 31
O Retrato de Dorian Gray
Saturday, August 25
Dream on
All these lines on my face gettin clearer
The past is gone
It went by like dust to dawn
Isnt that the way
Everybodys got their dues in life to pay
I know what nobody knows
Where it comes and where it goes
I know its everybodys sin
You got to lose to know how to win
Half my life is in books written pages
Live and learn from fools and from sages
You know its true
All the things come back to you
Sing with me, sing for the years
Sing for the laughter, sing for the tears
Sing with me, if its just for today
Maybe tomorrow the good lord will take you away
Dream on, dream on
Dream yourself a dream come true
Dream on, dream on
Dream until your dream come true
Dream on, dream on, dream on...
Sing with me, sing for the years
Sing for the laughter and sing for the tears
Sing with me, if its just for today
Maybe tomorrow the good lord will take you away
By Aerosmith
Thursday, August 9
Oscar Wilde, escritor memorável
Crime do Padre Amaro
Prefácio da Segunda Edição de O Crime do Padre Amaro
A designação inscrita no frontispício deste livro - Edição Definitiva - necessita uma explicação.
O Crime do Padre Amaro foi escrito há quatro ou cinco anos, e desde essa época esteve esquecido entre os meus papéis - como um esboço informe e pouco aproveitável.
Por circunstâncias que não são bastante interessantes para serem impressas - este esboço de romance, em que a acção, os caracteres e o estilo eram uma improvisação desleixada, foi publicado em 1875 nos primeiros fascículos da Revista Ocidental, sem alterações, sem correções, conservando toda a sua feição de esboço, e de um improviso.
...........................................................................................................................................................
Hoje O Crime do Padre Amaro aparece em volume - refundido e transformado. Deitou-se parte da velha casa abaixo para erguer a casa nova. Muitos capítulos foram reconstruídos linha por linha; capítulos novos acrescentados; a ação modificada e desenvolvida; os caracteres mais estudados, e completados; toda a obra enfim mais trabalhada.
Assim, O Crime do Padre Amaro da Revista Ocidental era um rascunho, a edição provisória; o que hoje se publica é a obra acabada, a edição definitiva .
Este trabalho novo conserva todavia - naturalmente - no estilo, no desenho dos personagens, em certos traços da acção e do diálogo, muitos dos defeitos do trabalho antigo: conserva vestígios consideráveis de certas preocupações de Escola e de Partido, - lamentáveis sob o ponto de vista da pura Arte - que tiveram outrora uma influência poderosa no plano original do livro. Mas como estes defeitos provêm da concepção mesma da obra, e do seu desenvolvimento lógico - não podiam ser eliminados, sem que o romance fosse totalmente refeito na idéia e na forma. Todo o mundo compreenderá que - correções, emendas, entrelinhas, folhas intercaladas não bastam para alterar absolutamente a concepção primitiva de um livro, e a sua primitiva execução.
Akenside Tewace -
5 de Julho de 1875.
EÇA DE QUEIROZ
Monday, August 6
Hoje
repletos de amargura,
melancolia,
onde não há rumos,
que me pergunto mais,
me questiono incessantemente
- com pensamentos obscuros -,
entrando em ruptura,
euforia.
Indago-me "aonde vais?".
Respondo "não sei", vagamente.
7.8.2007
Friday, August 3
Viagem Porto-Viana do Castelo
Exobiologia - ciência em expansão
Wednesday, August 1
Secção Linguística
Muitas vezes vamos na rua ou falamos com alguém e ouvimos a expressão "A gente fazemos" ou "A gente comemos" e muitas outras assim formuladas, com o sujeito na 3ª pessoa do singular (A gente - ele) e o verbo conjugado na 1ª pessoa do plural (nós - fazemos). Será isto correcto?Será correcto dizer:
- A gente fazemos?
- A gente faz?
- A gente faz
Monday, July 30
Dança
Um especial agradecimento à grande dançarina. (Sem ela eu não ia longe).
Wednesday, July 25
Votação
Obrigado
Parabéns ao 1º rei Português
D.Afonso Henriques (1109-1185)
D.Sancho (1154-1211)
D.Afonso II (1185-1223)
D.Afonso III (1210-1279)
D.Dinis (1261-1325)
D.Afonso IV (1291-1357)
D.Pedro I (1320-1367)
D.João I (1357-1433)
D.Afonso (1370-1461) 1º Duque de Bragança
D.Fernando (1403-1478) 2º Duque de Bragança
D.Fernando (1430-1483) 3º Duque de Bragança
D.Jaime (1479-1532) 4º Duque de Bragança
D.Teodósio (1510-1563) 5º Duque de Bragança
D.João (1543-1583) 6º Duque de Bragança
D.Teodósio (1568-1630) 7º Duque de Bragança
D.João IV (1604-1656) 8º Duque de Bragança, Rei de Portugal
D.Pedro II (1648-1706) Rei de Portugal
D.João V (1689-1750) 11ºDuque de Bragança, Rei de Portugal
D.José I (1714-1777) 12º Duque de Bragança, Rei de Portugal
D.Maria I (1734-1816) 13º Duque de Bragança, Rainha de Portugal
D.João VI (1767-1826) 15º Duque de Bragança, Rei de Portugal
D.Miguel I (1802-1866) 17º Duque de Bragança, Rei de Portugal
D.Miguel II (1853-1927) 22º Duque de Bragança
D.Duarte Nuno (1907-1976) 23º Duque de Bragança
D.Duarte Pio (1945- ) 24º Duque de Bragança
Monday, July 23
Pelo Souto de Crexente
ua pastor vi andar
muit'alongada de gente
alçando voz a cantar,
apertando-se na saia
quando saía la raia
do sol nas ribas do Sar.
E as aves que voavam,
quando saía l'alvor,
todas d'amores cantavam
pelos ramos d'arredor,
mais nom sei tal qu'i stevesse
que em al cuidar podesse
senom todo em amor.
Ali stivi eu mui quedo,
quis falar e nom ousei,
empero* dix'a gram medo:
-Mia senhor, falar-vos-ei
um pouco, se mi ascuitardes,
e ir-m'ei quando mandardes,
mais aqui nom estarei.
-Senhor, por Santa Maria,
nom estedes mais aqui,
mais ide-vos vossa via,
faredes mesura* i*,
ca os que aqui chegarem,
pois que vos aqui acharem,
bem diram que mais ouv'i*.
souto - bosque
empero -mas
mesura - cortesia, gentileza
i - aí
ouv'i - houve aqui
JOAM AIRAS DE SANTIAGO, séc. XIII
Sunday, July 22
Estágio de Biologia Molecular no Porto
Poesia medieval - Abadessa, oí dizer
Abadessa, oí* dizer
que érades mui sabedor
de todo bem, e, por amor
de Deus, querede-vos doer
de mim, que ogano* casei,
que bem vos juro que nom sei
mais que um asno de foder.
Ca me fazem em sabedor
de vós que avedes bom sem
de foder e de todo bem,
ensinade-me mais, senhor,
como foda, ca o nom sei,
nem padre nem madre nom ei*
que m'ensin, e fiquei pastor*.
E se eu ensinado vou
de vós, senhor, deste mester*
de foder e foder souber
per vós, que me Deus aparou*,
cada que per foder, direi
Pater Noster e enmentarei*
a alma de quem m'ensinou.
E per i* podedes gaar,
mia senhor, o reino de Deus:
per ensinar os pobres seus
mais ca por outro jajuar,
e per ensinar a molher
coitada que a vós veer,
senhor, que nom souber ambrar*
AFONSO EANES DO COTOM (séc. XIII)
oí - ouvi
ogano - este ano
ei - hei (verbo haver, "tenho")
pastor - jovem, inocente
aparou - arranjou
enmentarei - referirei
i- aí
Tuesday, July 10
(Imaginação)
consciente num súbito acordar...
Nunca vi tão bizarro lugar
que no entanto me é, estranhamente, familiar.
O azul de fundo e a fraca iluminação,
A música compassada ao bater do coração,
deste meu coração aterrado
que se agarra à luz do outro lado
desta sala em que me encontro,
Obstruem-me o pensamento.
É melhor correr, enquanto
Esses pontos de azul formam fileiras,
inda sou novo para morrer!
Portanto, correr, escapar às trincheiras!
Achar a saída, onde está?!
O pânico, o movimento, respirar...
Que coordenação!
Compasso a compasso, parar
de correr é morrer, salva-te coração!
Por sorte...
A saída está escrita a sangue,
e é para lá que o instinto me dirige,
devo ultrapassar o que a inscrição me redige.
Passando a parede há sempre tempo para filosofar,
então, será isto destino?
Ah! Claridade! mas só por um segundo.
O compasso passa a ser ditado
por milhares de relógios de outra geração,
já que estou noutra sala... já não ouço o coração
sufocado entre labirintos
de tic-tac-toc...
À minha volta?
Pêndulos! pêndulos? E tantos!
Mas vou correr, ainda não é
este aquele meu lugar. Passadas
ante passadas, até encontrar o supé,
a base desta fantasia.
E esquecido na correria...
Deixo o coração para trás,
talvez o recupere... um dia,
porém agora? Tanto me faz,
porque aquele coração não era meu.
Por uma porta fechada
Aberta pelos primeiros passos
vagabundos, entra-se vagarosamente,
trancado, em humanos, riscados traços,
olho em frente e nada vejo.
Do meio branco
Só se distinguem prateleiras,
brancas como a cinza mentirosa,
que pegam em mim, que carregam
com uma força parigosa,
até me arrancarem de onde estive.
E esta lava preta que me envolve
Engole-me, transportadora como é
mudou o meu espírito.
Destinado estou, portanto,
a cair.
Saturday, June 23
Reflexão
Friday, June 22
há memórias
momentos captados rapidamente,
sucessivamente,
digitalizados
e apagados,
apagando as agonias
mantendo as alegrias,
mas inconstantes,
também apaixonantes,
contudo inconscientes aos outros.
22.6.2007
Thursday, June 21
Mais um
acumula-se nas memórias,
para um dia desaparecer,
levando consigo histórias,
é mais um que, mesmo sem querer,
nas grutas do esquecimento cai,
não temos culpa,
é inexorável destino,
vai rápido como as águas....daquele rio,
lamentável assassino,
que transporta sedimentos, mágoas,
ficando atrás os verdes prados,
depositando-os junto ao abrupto mar.
22.7.2007
Amsterdam - Coldplay
And I swerve out of control
If I, if I'd only waited
I'd not be stuck here in this hole
Come here, oh my star is fading
And I swerve out of control
And I swear, I waited and waited
I've got to get out of this hole
But time is on your side, its on your side, now
Not pushing you down, and all around
It's no cause for concern
Come on, oh my star is fading
And I see no chance of release
And I know I'm dead on the surface
But I am screaming underneath
And time is on your side, its on your side, now
Not pushing you down, and all around
No it's no cause for concern
Stuck on the end of this ball and chain
And I'm on my way back down again
Stood on the edge, tied to the noose
Sick to the stomach
You can say what you mean
But it won't change a thing
I'm sick of the secrets
Stood on the edge, tied to the noose
And you came along and you cut me loose
You came along and you cut me loose
You came along and you cut me loose
Friday, June 15
Noites insuportáveis
Tuesday, June 5
E se fores..
saber que alguém amigo se distância:
horas vagas sem nada fazer,
a pensar nas horas de infância.
Quando fores, num dia nublado,
não te esqueças de mim,
não me deixes preocupado,
e dá continuidade a esta amizade sem fim.
5.6.2007
Mais um quadro
naquela verde pálida serra passei,
olhando pelo vidro o precipício rochoso,
senti-te a beleza.
Íamos a subir a serra,
o calor abafante pesava a atmosfera,
as faces eram rosadas,
e é neste quadro que me invade a tristeza.
5.6.2007
Monday, June 4
Spectre
Give me!
I want some.
Can the breeze
Pull the curtain down?
Should I find
out what poison
Is all about?
Will I leave it be?
Certainly not,
I know me
I wont rest
Until I’m up
and over the test.
Take the poise
Or let it be?
Poison, Let it flow
In increasing dosage
Let the snow fall under
The savage blunder
Of the ones
talking outside.
Lighter, lighter,
Give me gas
Hold your flame,
This nausea ends
This game.
One last smoke and I’m off.
Tuesday, May 22
Realidade Oculta
que passas por todos nós,
tens uma pressa atroz,
causas dor angustiável?
És, diria eu, sorrateiro e perverso,
quando queres és cura.
A tristeza perdura
contudo; sinto-me submerso.
Já que a mim me não resta assim viver e sofrer,
pois então que assim viva,
talvez, eu, ele, consiga,
não há nada a temer.
Mas, ó realidade oculta, tu, diz-me já!:
por que tanto atormentas?
P'lo menos assim o tentas!
olha: minha juventude, essa, já ali está.
Sunday, May 13
A Noite Passada - letra e música de Sérgio Godinho
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste
A noite passada fui passear no mar
a viola irmã cuidou de me arrastar
chegado ao mar alto abriu-se em dois o mundo
olhei para baixo dormias lá no fundo
faltou-me o pé senti que me afundava
por entre as algas teu cabelo boiava
a lua cheia escureceu nas águas
e então falámos
e então dissemos
aqui vivemos muitos anos
A noite passada um paredão ruiu
pela fresta aberta o meu peito fugiu
estavas do outro lado a tricotar janelas
vias-me em segredo ao debruçar-te nelas
cheguei-me a ti disse baixinho "olá",
toquei-te no ombro e a marca ficou lá
o sol inteiro caiu entre os montes
e então olhaste
depois sorriste
disseste "ainda bem que voltaste"
Yann Tiersen - Comptine d’un autre été L’après midi
Da banda sonora do "Fabuloso Destino de Amelie Poulain". Muito bonita.
Saturday, May 12
Rumo
Nop, não pretendo chegar a lado nenhum com esta divagação, simplesmente, apeteceu-me...
Thursday, May 10
V= x+y
Até lá suponho que vá ter de continuar a usar o elevador, uma das salas mais horríveis que o homem conseguiu, até agora, inventar.
Tuesday, May 8
Secção Linguística
Será correcto dizer - "haverá debates sobre a língua"
ou - "haverão debates sobre a língua"?
Resposta: O verbo haver, quando utilizado com o sentido de existir, é um verbo impessoal, isto é, empregado apenas na terceira pessoa do singular. Quando empregue com um verbo auxiliar (ex: ter), o auxiliar deverá vir também na 3ª pessoa:
Assim, a forma correcta é : haverá debates sobre a língua
Conjugação do verbo haver no presente do indicativo:
Secção Linguística
Monday, May 7
Conto
Friday, May 4
Outro só
Assim, tudo é um fado, tudo é um tango, mas nada se ouve, poucos dançam... Há alguns que simplesmente não querem, outros que não podem, não lhes deixam, e os que dançam, vão dançando, enquanto eu me pergunto qual o círculo em que me hei-de enquadrar, e quais motivos me levam a fazê-lo.
Suponho que motivo nenhum, já que a música o comanda, ainda que a única coisa realmente audível sejam os passos dos que rodam e rodopiam, e aos poucos, encolhido, vou avançando, descontraindo, percorrendo essa pista, fora do ritmo dos que se mexem à minha volta.
Não é o que fazemos todos? E agora? Dançamos? Ficamos parados? Onde está a música? Onde estamos todos?
Pista fora, que morra a ampulheta!
Wednesday, May 2
Poema antigo
Era bela e formosa,
Suave como a água do mar,
Esbelta e vistosa.
Seus lábios eram d'oiro,
Seus olhos, pérolas azuis,
Sua pele, de tom moiro.
Inveja tinha a lua,
E fraco era o sol,
Perante tal beleza crua.
A Vénus superava em tudo,
Era ela uma deusa,
A raínha do mundo.
Música
Tuesday, May 1
Adios Nonio - Astor Piazzolla
Um tango que Piazzolla dedicou ao pai, se não me engano. Este músico compôs inúmeros tangos que se distinguem pela sua originalidade sonora, fruto da incorporação de elementos jazzísticos nas suas peças.