Sinto-me a voltar a mim
consciente num súbito acordar...
Nunca vi tão bizarro lugar
que no entanto me é, estranhamente, familiar.
O azul de fundo e a fraca iluminação,
A música compassada ao bater do coração,
deste meu coração aterrado
que se agarra à luz do outro lado
desta sala em que me encontro,
Obstruem-me o pensamento.
É melhor correr, enquanto
Esses pontos de azul formam fileiras,
inda sou novo para morrer!
Portanto, correr, escapar às trincheiras!
Achar a saída, onde está?!
O pânico, o movimento, respirar...
Que coordenação!
Compasso a compasso, parar
de correr é morrer, salva-te coração!
Por sorte...
A saída está escrita a sangue,
e é para lá que o instinto me dirige,
devo ultrapassar o que a inscrição me redige.
Passando a parede há sempre tempo para filosofar,
então, será isto destino?
Ah! Claridade! mas só por um segundo.
O compasso passa a ser ditado
por milhares de relógios de outra geração,
já que estou noutra sala... já não ouço o coração
sufocado entre labirintos
de tic-tac-toc...
À minha volta?
Pêndulos! pêndulos? E tantos!
Mas vou correr, ainda não é
este aquele meu lugar. Passadas
ante passadas, até encontrar o supé,
a base desta fantasia.
E esquecido na correria...
Deixo o coração para trás,
talvez o recupere... um dia,
porém agora? Tanto me faz,
porque aquele coração não era meu.
Por uma porta fechada
Aberta pelos primeiros passos
vagabundos, entra-se vagarosamente,
trancado, em humanos, riscados traços,
olho em frente e nada vejo.
Do meio branco
Só se distinguem prateleiras,
brancas como a cinza mentirosa,
que pegam em mim, que carregam
com uma força parigosa,
até me arrancarem de onde estive.
E esta lava preta que me envolve
Engole-me, transportadora como é
mudou o meu espírito.
Destinado estou, portanto,
a cair.